sábado, 8 de outubro de 2016

DISCOVERY JP

Meio da tarde, chego na varanda
e sou premiado com um documentário Discovery ao vivo. (Sorry, periferia...)

Na minha frente, está o Chapolin Colorado da fauna avícola:
a Garça!
Todos os seus movimentos são cui-da-do-sa-men-te calculados.

E tome de levanta/encolhe pescoço (tal e qual um periscópio), estica para frente, abaixa, recua, faz "S", tudo num ritmo alucinantemente len-to e pre-ci-so.

Vaidosa, fica imóvel enquanto um cidadão se farta de fotografá-la em vários mesmos ângulos. Com a partida do fã, ela volta a seus afazeres: cuidar do ajantarado.

Voltam as evoluções pescoçais e agora ela caminha pé ante pé, no meio do mato. Lá pelas tantas dá um pulinho e começa a rebolar!
Pronto. Ou pirou ou está cagando ou está se masturbando nas folhas tenras. 

Ansioso, corro para pegar uma cerveja, volto e ela ainda está rebolando. Segue o baile, depois de um bom tempo ela para o rebolado e, numa fração de segundo, se joga de lado no chão enrolando o pescoço na captura de um calango com o longo bico.

Aí é que fui entender: o pulinho foi pra pegar e o rebolado pra segurar e enfraquecer o calango com as patas! Criatura diabólica.

Ela sai andando com metade do calango ainda pra fora do bico e alguns banhistas vem passando. Quando a proximidade incomoda ela dá um voo rasante lindão e vai taxiar numa região mais aconchegante.

Acaba a refeição e fico aguardando a decolagem final. Em vão.

A insaciável volta a caminhar no meio do mato. Tudo de novo.
Levanta, abaixa, estica, encolhe e descubro mais uma: quando ela levanta o pescoção é pra ter uma visão detalhada do que acontece. Numa levantada dessas, após ficar estática durante mais de minuto, ela, em outra fração de segundo, mete o bico no meio do mato e sai com outra presa não identificada.

A cerveja acaba e deixo a predadora implacável continuar sua saga.

(E depois ainda tem gente que não entende porquê não troco minha varanda nem de "garça". [Perdão, leitores.])

Um comentário:

  1. Uma garcinha de comentário ! Final apoteótico ! Perdoado ! Pegue outra lata.

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