Meio da
tarde, chego na varanda
e sou premiado com um documentário Discovery ao vivo. (Sorry, periferia...)
Na minha
frente, está o Chapolin Colorado da fauna avícola:
a Garça!
Todos os seus
movimentos são cui-da-do-sa-men-te calculados.
E tome de
levanta/encolhe pescoço (tal e qual um
periscópio), estica para frente, abaixa, recua, faz "S", tudo num
ritmo alucinantemente len-to e pre-ci-so.
Vaidosa,
fica imóvel enquanto um cidadão se farta de fotografá-la em vários mesmos
ângulos. Com a partida do fã, ela volta a seus afazeres: cuidar do ajantarado.
Voltam as
evoluções pescoçais e agora ela caminha pé ante pé, no meio do mato. Lá pelas
tantas dá um pulinho e começa a rebolar!
Pronto. Ou
pirou ou está cagando ou está se masturbando nas folhas tenras.
Ansioso, corro
para pegar uma cerveja, volto e ela ainda está rebolando. Segue o
baile, depois de um bom tempo ela para o rebolado e, numa fração de segundo, se
joga de lado no chão enrolando o pescoço na captura de um calango com o longo bico.
Aí é que
fui entender: o pulinho foi pra pegar e o rebolado pra segurar e enfraquecer o
calango com as patas! Criatura diabólica.
Ela sai
andando com metade do calango ainda pra fora do bico e alguns banhistas vem
passando. Quando a proximidade incomoda ela dá um voo rasante lindão e vai taxiar
numa região mais aconchegante.
Acaba a
refeição e fico aguardando a decolagem final. Em vão.
A
insaciável volta a caminhar no meio do mato. Tudo de novo.
Levanta,
abaixa, estica, encolhe e descubro mais uma: quando ela levanta o pescoção é
pra ter uma visão detalhada do que acontece. Numa levantada dessas, após ficar estática durante mais de minuto, ela, em outra fração de segundo, mete o bico no meio do mato e sai
com outra presa não identificada.
A cerveja
acaba e deixo a predadora implacável continuar sua saga.
(E depois
ainda tem gente que não entende porquê não troco minha varanda nem de
"garça". [Perdão, leitores.])
Uma garcinha de comentário ! Final apoteótico ! Perdoado ! Pegue outra lata.
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