terça-feira, 6 de agosto de 2013

SINCRONIA

No século passado Ajuricaba
era arte finalista da melhor qualidade.
A agência tinha uma grande conta de varejo e quando chegava sexta-feira a vida virava um inferno. É que os anúncios para o fim de semana tinham que ser finalizados e, invariavelmente, as alterações se sucediam noite adentro.

Numa dessas, encostado na prancheta, tentando ser simpático, o cliente diz:
-Quando eu morrer você vai mijar no meu túmulo, né Ajuricaba?
E a resposta na bucha:
-Vou não. Eu não entro em fila...

Essa historinha é só pra ilustrar o fato: eu também não entro em fila. Exceto pra jogar na loteria porque vício é vício e pronto.

Pois bem.
Estou eu na fila da loteria, que se estende pela calçada, quando começa a tocar um alarme de garagem. Cuím-Cuóm-Cuím-Cuóm alto pra cacete como convém a essa maldita inutilidade.
O carro sai e o Cuím-Cuóm permanece por incontáveis minutos.

Aí, reparei numa coisa impressionante: as pessoas que estão caminhando entram no ritmo do Cuím-Cuóm!
É muito engraçado. Passei até a odiar menos essa invenção do demo.

E confirmei que não tem jeito: o povo é gado mesmo.
Até (ou principalmente?) inconscientemente.

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