terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

MEDICINA ATUALIZADA

Acabou aquela velha história de “tome uma aspirina e me liga amanhã”. Agora é “faça essas centenas de exames e me procura depois”. Afinal, é preciso manter a indústria em movimento.

Então, se você, desavisado, deu uma topada no dedão e caiu na besteira de procurar um médico, certamente passou ou vai passar pela ladainha mais chata dos nossos tempos.

-Dei uma topada, meu dedão está inchado e dolorido.
-Sei, sei... Diz o esculápio sem sequer te olhar enquanto preenche a interminável lista de exames.
-Mas doutor, exame de fezes pra que? É o dedão do pé!
-Volta semana que vem e para de fumar, retruca a autoridade conhecedora do bem e do mal.

Semana seguinte, o dedão desinchou, você volta porque fez aquela batelada de exames.
-Tá aqui.
-Hmmm... Precisa parar de beber. Comprou o remédio para parar de fumar?
-Mas doutor, o dedão já até desinchou. Só a unha é que está ficando roxa.
-E exercícios. Precisa de exercícios. Caminhada, corrida, mas tem que ser supervisionado. Vamos fazer uma avaliação... Diz, te olhando pela primeira vez, o dono da vida, da morte e de uma polpuda conta bancária amealhada graças a esse monte de “consultas”, “exames” e “recomendações”.

Se nessa altura você ainda tiver paciência e, pior, resolver seguir os conselhos da figura, estará entrando num carro$$el de emoções.
Parou de fumar? Parou de beber? Entrou na academia que te recomendei? Está fazendo exercícios?
Hmmm... Não está bom não... Agora precisa tomar esses complementos (vai nessa farmácia, é de confiança).
Precisa também cuidar da dieta (essa endocrinologista é de confiança).
Tá magrinho, saudável e a vida perdeu completamente o sentido?
Vai nessa psicóloga cuidar da cabeça dançada (minha aluna, de confiança).
E por aí afora.

Lembrando uma frase antiga: “O cirurgião faz tudo, mas não sabe nada; o clínico sabe tudo, mas não faz nada; o psiquiatra não sabe nem faz nada; e o patologista sabe tudo, mas é tarde demais.”

Claro, existem exceções que só fazem confirmar a regra...

6 comentários:

  1. Eu dei a maior sorte com meus médicos.
    Cinco.
    Todos se encaixam nas exceções.
    Você acredita que, neste tempo todo, nenhum me mandou emagrecer...?

    ResponderExcluir
  2. Deu sorte, mesmo!
    E eu também porque meu médico é amigo de infância, consequentemente me conhece bem e (sic) "remédio só em último caso".
    Abs.
    Tiago.

    ResponderExcluir
  3. Pois eu não tenho a mesma sorte. Todo mala que eu consulto, vem com a balela de que preciso parar de fumar (e não adianta eu falar que só fumo três cigarros por dia), fazer exercícios físicos, relaxar, blá, blá, blá... E as criaturas sequer se levantam para medir a pressão e auscultar o coração da gente, coisinhas básicas, que os bons médicos de antigamente faziam... E tome exames e receitas. Ô inferno!!!

    ResponderExcluir
  4. Horrível mesmo... Nem escutam coração e nem pulmão. As fábricas de estetoscópio devem de estar por falir.
    Saber das vontades e anseios dos pacientes? Oras... Já disse para uma porção de amigos: daqui há algum tempo a gente entra no consultório e vai ter uma maquininha no lugar do dotô provida de uma voz daquelas eletrônicas, dizendo "bom dia seu sintoma! indentifique-se após ouvir bip"

    ResponderExcluir
  5. P.S. Esse Haja é o máximo dos máximos mesmo, só ele tem médico amigo de infância...

    ResponderExcluir