... Essa
nossa vidinha sem os adoráveis
pré-conceitos que tanto nos facilitam os
julgamentos do dia a dia?
Se
não, vejamos:
Você,
delicada leitora, na flor de seus 25/30 anos, bonita, moderna, charmosa, ativa,
entra no banco e, toc-toc-toc, se dirige à fila do caixa eletrônico.
Quando chega sua vez, vai
pegar o cartão que está na carteira que está no bolso secreto da bolsa, se
atrapalha e deixa cair tudo no chão.
Imediatamente
gentis cavalheiros sorridentes te acodem
e, compreensivos, te lançam olhares de
cobiça.
Você
conclui que seu jeitinho estabanado até que funciona.
Quarenta
anos mais tarde a cena se repete.
Só
que agora você, tec-tec-tec, está na cara do gol, pois idosa tem preferência, vai pegar o
cartão, etc, etc.
Imediatamente
gentis cavalheiros sorridentes te acodem e, compreensivos, trocam olhares entre
si com expressões de "coitadinha-tá-gagá".
Você
conclui que esses caras são uns escrotos, mas você precisa ficar mais atenta
pra não dar essas bandeiras.
Outra:
Você,
delicada leitora, na flor de seus etc, etc, acorda cedo, coloca seu biquíni e
vai andar na praia. De bem com a vida, contempla o espetáculo matinal que te é
ofertado e, agradecida, caminha com os braços abertos, olhos semicerrados e
respiração profunda entranhando toda a maravilha a seu redor.
Eu
venho passando, te vejo nesse momento especial e admiro sua beleza, seu desprendimento
y otras cositas más.
Você
nem me vê.
Quarenta
anos depois a cena se repete.
Eu
venho passando, te vejo nesse momento especial e sou atacado por um turbilhão
de pensamentos: "Sai, riponga véia!",
"Tadinha!", "É bom ver que tem gente que não tem vergonha de
nada!",
"Aiaiai! Essa veínha vai acabar tropeçando!".
Você
me vê, entende a minha expressão, me acha um escroto?
Bom pra você!
Quer
mais?
Para
um pouquinho pra pensar e, com certeza, você vai 'tropeçar' num monte de
exemplos.
Cartas para a redação.