sábado, 21 de abril de 2012

VIDA DURA...

(Deu no Público de Lisboa)

FUCKING NÃO CONSEGUE
MUDAR DE NOME

A aldeia austríaca de Fucking vive dias conturbados. Cansados de serem motivo de piadolas fáceis dos turistas de língua inglesa e de pagarem do seu bolso a substituição das placas da localidade constantemente roubadas pelos visitantes, os “fuckinguenses” decidiram mudar o nome da terra para Fugging.
Mas, afinal, já existe uma terra com esse nome no país e não está disposta a partilhá-lo. As autoridades terão agora de desempatar a contenda.

Baptizada com um nome totalmente inofensivo em alemão por causa de um lorde, Focko, que terá fundado o povoado no século VI, Fucking começou a dar nas vistas após a II Guerra Mundial, quando se tornou ponto de peregrinação obrigatório para as tropas britânicas e norte-americanas estacionadas ali perto, em Salzburgo.

Começou aí a fama da aldeia com nome em vernáculo. E depois vieram os turistas. Roubavam as placas, fotografavam-se e filmavam-se junto a elas, por vezes tirando a roupa e cumprindo o desígnio indicado pela palavra.

Os cidadãos locais (e são cerca de uma centena) não achavam graça nenhuma a isto. Principalmente porque cada placa custa à volta de 300 euros e o seu roubo constitui o único item da lista de crimes cometidos na terra.

Por esta altura, já havia quem estivesse a ver a coisa por outro prisma. Um cidadão local criou um site e passou a vender t-shirts com a mensagem “I like Fucking in Áustria”.
O negócio corria bem, mas os vizinhos levaram a mal e a pressão da opinião pública matou a iniciativa.

Outras surgiram: em 2008, realizava-se o Festival das Fuck Bands, que contou com as participações de grupos como os Fucked Up, Holy Fuck, Fuck e Fuck Buttons.

Talvez tudo isto sejam em breve memórias de uma era desaparecida. Mas, ao anunciar a intenção de mudar de nome, os responsáveis da aldeia podem ter desencadeado uma reacção adversa. Muitos turistas estarão a dizer neste momento: “Vamos a Fucking enquanto é tempo!”

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