terça-feira, 24 de janeiro de 2012

LARGA D'EU, PENTELHO!

Segue excelente texto sobre a execração que nós, fumantes, estamos sendo vítimas.

Capitalismo tabagista: de Hitler a Drauzio

por Gerson Faria em 20 de novembro de 2011 Opinião - Cultura

Propaganda anti-tabagista nazista: ‘Tabaco-Capital’ chegando para roubar a saúde do povo, a capacidade de trabalho, metas político-demográficas e a riqueza do povo.

É incrível a semelhança da política anti-tabagista contemporânea e da linguagem de seus propositores com o seus equivalentes no regime nacional-socialista.

Drauzio Varella começa assim seu artigo na Folha de S.Paulo de título escolar, grave e final: “O cigarro”
“O cigarro é o mais abjeto dos crimes já cometidos pelo capitalismo internacional. Você acha que exagero, leitor?”


Sim, tenho quase certeza. Segundo os estudos históricos de Antony Sutton, o financiamento pelo capitalismo internacional da Revolução Bolchevique bem como da ascenção de Hitler ao poder colocam o cigarro em uma escala muito, muito modesta (se real) na escala dos males causados pelo capitalismo transnacional. Aos interessados sugiro que leiam o artigo de Henrique Dmyterko, “Antony Sutton: Um homem que pagou o preço da verdade”, no qual o historiador demonstra o apoio financeiro de Wall Street às maiores e mais sangrentas revoluções conhecidas na história da humanidade.

E Drauzio, continuando no espírito “ocuppy”, nos apresenta mais um falseamento da história:
“Compare-o com outros grandes delitos capitalistas; a escravidão, por exemplo: quantos viveram como escravos? E quantas crianças, mulheres e homens foram escravizados pela dependência de nicotina desde que essa praga se espalhou pelo mundo, a partir do início do século 20? O primeiro crime foi perpetrado contra algumas centenas de milhares de pessoas; o segundo contra mais de 1 bilhão.”

Bem, ao que se saiba, no Egito de 8.000 A.C. não vigorava o regime capitalista (muito menos internacional) e a escravidão já era uma dura realidade. E o Gulag do regime comunista soviético que Drauzio se esquece?

Estima-se em torno de 14 milhões o número de pessoas que por ele passaram (e em torno de um milhão pereceram no Gulag) entre 1929 e 1953, isso considerando-se apenas um aspecto de um país, esquecendo-se todas as outras experiências totalitárias do século XX, de países tão capitalistas quanto o Egito de 8.000 A.C.

Mas Drauzio, talvez aproveitando-se da genérica onda anti-capitalista recente dos EUA, emenda a esta a onda anti-tabagista. Quer nos levar a crer, assim como fez a propaganda política nazista, que o capitalismo é o culpado pela escravidão do ser humano pelo vício do cigarro.

O estudo “The anti-tobacco campaign of the Nazis: a little known aspect of public health in Germany, 1933–45” (A campanha anti-tabaco dos nazistas: um aspecto pouco conhecido da saúde pública na Alemanha, 1933-45) traz informações que, embora desconhecidas do grande público, não são nem de longe chocantes, comparando-se com os horrores cometidos pelo nazismo a que estamos acostumados a ver em documentários e livros. Ao contrário, tais iniciativas de saúde pública já são fatos correntes nos dias de hoje.

Alguns aspectos das políticas nazistas de saúde pública anti-tabagistas que podem ser lidas no estudo acima são:
• Sessenta das maiores cidades alemãs baniram o fumo em bondes em 1941.
• Hitler pessoalmente foi o responsável pela proibição de fumo em trens e ônibus em toda Alemanha em 1944, pois era preocupado com a exposição de condutoras mulheres à fumaça do cigarro.
• Políticas nazistas foram aclamadas como marcos do “começo do fim” do cigarro na Alemanha.

O difícil é aceitar a semelhança entre políticas de saúde pública dos nazistas e dos ferrenhos anti-tabagistas contemporâneos.

Que moral guiava os mesmos fazedores de política ao genocídio de uns e à preocupação excessiva com a saúde de outros? É no meu entender uma moral invertida nos dois casos. Tanto a que leva ao genocídio quanto à que leva à preocupação policial com determinados aspectos da saúde.

O fumante de cigarro é hoje talvez o único indivíduo que pode sofrer discriminação gratuita sem nenhum dispositivo legal que o ampare. É o inimigo público designado e rotulado pelo Estado. Sua situação existencial é vexatória: é ao mesmo tempo tratado como psicologicamente doente e inimigo. Doente pois flerta com a morte de forma gratuita e prazerosa, diriam. Inimigo pois propaga a “fumaça da morte” e, pior, gasta o dinheiro do sistema público de saúde (mesmo que não o utilize...). A saúde pública é assim tornada saúde politizada.

Vão dizer que estou afirmando que o Estado, com suas mil e uma proibições “em nome da saúde do seu povo” tem inspiração nazista? Não, não estou afirmando isso. A perda da liberdade de escolha pode assumir diversos nomes, sob as mais nobres justificativas.

Escrevi em outro artigo:
“Tomemos como exemplo o argumento do 'direito de escolha' que é claramente universal. O exercício da cidadania numa sociedade livre pressupõe esse direito. Para os casos em que há clara agenda política envolvida, utiliza-se tal argumento, como na legalização do uso de drogas, aborto sob demanda, exigências relativas a direitos  homossexuais etc. Porém, nos recentes casos de banimento do cigarro, dos salgadinhos e refrigerantes nas escolas, o argumento universal da escolha individual dificilmente é utilizado, seja pelo público alvo, futuras vítimas da política, seja por seus representantes. Nesses casos, a universalidade do direito de escolha é jogada na lata de lixo em nome do terrorismo argumentativo da saúde pública.” (‘Saúde pública’, novo nome da política)

Se trocarmos o objeto de Drauzio e, no lugar do “cigarro” colocarmos “automóvel”, caberia a mesma argumentação. Os capitalistas, as mortes causadas aos outros, a poluição etc. Não há escolha.

Drauzio tem o direito de defender sua agenda política, seja o fim dos cigarros, do capitalismo internacional, a descriminação da maconha etc. E para isso mostra não abrir mão de mistificar, simplificar e generalizar.
Vícios que acomentem todo apaixonado reformador social e revolucionários de todas as espécies, rótulos e épocas.

(Valeu, Morici.)

2 comentários:

  1. Genial! Já ficou insuportável o patrulhamento anti-tabagista. Por que não tem campanha contra as bebidas alcoólicas? Quem fuma e dirige não mata por causa da nicotina. Já quem bebe e dirige pode morrer e causar mortes no trânsito. Fico imaginando o que o chato do Drauzio ganha com a ostensiva pentelhação aos fumantes. Ou ele está somente pensando no bem da humanidade?

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