domingo, 4 de março de 2012

VENTILA VENTILADOR, VENTILA

Ela estava recém chegada de Bonsanba (pronuncia-se Bom Samba) na África. Antes tinha passado uma boa temporada em Stjrdlshalksn (pronuncia-se Stjrdlshälksn) na Noruega, acho.
E agora, feliz coincidência, estava morando no apartamento ao lado do meu.

Boa de conversa y otras cositas mas, somos da mesma marca mas ela é mais nova. Contou que trabalhava demais em Bonsanba, mas que foi até bom depois da paradeira em Stjrdlshalksn. Chato foi esse desgaste nas juntas. Achei o desgaste ótimo, principalmente porque foi a razão de nos conhecermos.
(Eu estava com um probleminha no interruptor e lá estávamos nós aguardando reparo.)

Comentamos as chaturas e prazeres da vida, ela contou coisas incríveis do mundo que conhecia e eu tentei dar um molho às ocorrências banais da minha vidinha monótona. O fato é que nos entendemos muito bem e a conversa soprava fácil.

Concordamos que o ar condicionado não era a ameaça que parecia quando apareceu. Foi mais ou menos como quando anunciaram a morte do teatro por causa da televisão e a da televisão por causa da internet. No final, tem lugar pra todos e nós seguimos firmes nos corações de nossos donos.
Concordamos também que nossos donos são, normalmente, muito doidos. Ela contou que ventava nos dela enquanto eles faziam coisas impressionantes e impublicáveis nas tardes domingueiras de Bonsanba. Eu retruquei com casos escabrosos dos meus - envolvendo dança do ventre e muito mais.

Rimos muito e soprei no ouvido dela que seria bom a gente se encontrar mais vezes. Ela, girando lentamente o lindo corpo, perguntou como. Respondi que bastava se esticar para provocar um leve mau contato que faria com que a gente se visse sempre. Ela, com experiência internacional, retrucou que se fizéssemos isso acabaríamos em diferentes ferros velhos e disse que poderíamos conversar sempre, uma vez que éramos vizinhos. Disse também que já havia me escutado - eu sou um pouquinho barulhento - e que pra gente se ver bastava inclinar um pouquinho o corpo pela janela.

Topei na hora. Pelo jeito, vai ser um verão dusbão...

3 comentários:

  1. E a vida segue, independente dos nossos desejos ou dos que ficaram pra trás.
    Amanda

    ResponderExcluir
  2. Ei Tiago
    Achei o seu blog por um acaso hoje e gostei muito do seu estilo de texto. Parabéns pelo conteúdo.
    Também sou publicitária e acompanho um pouco dessas nossas "chaturas" do dia a dia no meu blog (www.ahistoriadagaby.blogspot.com). A abordagem é diferente, mas acho que você vai se interessar.
    Abraços e parabéns pelo espaço
    Gabriela

    ResponderExcluir
  3. Valeu, Gaby.

    Em tempo: a sua abordagem é diferente, sim. (Fui no www.ahistoriadagaby.blogspot.com
    - e gostei do que li.)
    Mas, aposto que o tempo vai comprovar que a diferença da abordagem é tão somente uma questão de idade...
    Abs.

    ResponderExcluir