segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

BORDÕES DO BALÍPODO


Sou do tempo em que jogador de futebol não entrava em campo: “Adentrava o tapete verde”. Quando acabava o jogo era: “Fim de papo no Maraca”.
E por aí afora.

Tá certo que tudo muda, que o futebol tem um dialeto próprio, mas é claro que implico com as expressões e discursos dos nossos bravos narradores
(e comentaristas e analistas e especialistas e os próprios jogadores e o escambau) de hoje.

Jogador de futebol não reza: tem “Momento de fé” (Dedinhos apontados para o céu e expressão imbecilizada).
Não se concentra: “Está focado”.
Não tem técnico: tem “Professô”.
Não tem amigos: tem “Manos” ou “Empresários”.
Jogador não se comporta bem ou mal: tem “Atitude”.

Se o jogador que erra é do time ou do intere$$e do narrador, comentarista, o escambau: “Teve um descuido”. Se não: “Falha imperdoável”.
O cara desarma, avança e manda um tirambaço. Se o comentarista é intere$$ado...: “Golaço de Craque!!!”. Se não: foi “Falha do goleiro” ou “Falta no lance anterior” ou “Me pareceu que ele levou com a mão”, etc, etc.

Torcedor não torce mais: fica “Apreensivo com os nervos à flor da pele”.
Não tem mais revanche: tem “Jogo de 180 minutos”.
Não tem mais “Melhor de Três”: tem “Playoff”.
Não tem mais lateral: tem “Ala”.
Não tem mais passe pra gol: tem “Assistência”. (Essa é de matar!)

E não tem jeito: a gente espuma de raiva, ameaça chutar a televisão, mas, a cada jogo, estamos lá: apreensivos com os nervos à flor da pele.

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