Segue texto
do Luis Nassif que, pra mim, resume todo o momento.
Poucas vezes, na
história de uma República permanentemente sujeita a golpes, viu-se um espetáculo tão deprimente de falta de compostura institucional, uma ópera bufa
da pior espécie.
O país
institucional tornou-se uma verdadeira casa da Mãe Joana, com personagens
indignos de representá-lo à frente do Executivo, do Congresso, do Supremo
Tribunal Federal, da Procuradoria Geral da República, do Judiciário e dos
partidos políticos.
Brinca-se com o
poder, derruba-se um presidente eleito, arma-se contra o interino que
aboletou-se do cargo, fazem cálculos sobre o momento de impichar a chapa, se
agora, se no ano que vem, valem-se de seu poder institucional para toda sorte
de abusos.
Procuradores atuam
politicamente; deputados lutam para legalizar o crime; Ministros do Supremo e o
Procurador Geral da República manipulam prazos de inquéritos para proteger
aliados; juízes de 1a instância autorizam grampos a torto e a direito.
Mas era previsto,
tal o grau de desordem institucional plantada no país pela abulimia do STF, ao
permitir o atropelo da Constituição. Deve-se ao Supremo esse vale-tudo.
Cada grupo deu sua
contribuição para o golpe, Sérgio Moro e Rodrigo Janot vazando grampos ilegais,
a imprensa no exercício amplo da pós-verdade, o Supremo acovardando-se e
abrindo mão de seu papel de guardião da Constituição e a presidente incapaz de
defender seu próprio mandato.
Consumado o golpe,
sem dispor mais do agente aglutinador, passou-se a disputar o butim do poder.
E
agora chega-se a esse vale-tudo vergonhoso, sem um estatuto da gafieira para
discipliná-lo minimamente.