Já disse aqui que, no
domingão, minha varanda dá de dez a zero em qualquer 'sessão da tarde' da vida.
Pois bem.
Lá estou saboreando
uma deliciosa cerveja em contemplativo estado e me são apresentadas as
seguintes cenas:
1. Negão com uma
branquela mais velha. (Tá
se dando bem, gigolando a veínha.)
2. Duas mulheres deitadas
na areia quarando ao sol.
(Hmmm...
Será que vai rolar alguma 'intimidade'?)
3. Dois homens
deitados na areia quarando ao sol. (Eca!)
4. Uma mulher, num
micro-biquíni, caminhando no calçadão. (Vagaba!)
5. Um mulato, cabelo
rastafari, caminhando no calçadão. (Doidão!)
Todos esses
julgamentos são instantâneos.
Frutos da minha idade
conjugada com a minha criação.
Mas, graças a Deus,
consigo anular tudo e, simplesmente, me dedicar a observar.
E aí, algumas
contradições gritam na minha cara.
1. O negão e a veínha
saem da água abraçadinhos, cheios de carinho. Chegam nas toalhas, ele pega um
saco plástico e sai andando. Ela senta e fica olhando. Ele some. Mistééério!
2. As duas mulheres
conversam animadamente, vão pra água conversando, saem da água conversando, secam conversando e vão embora conversando. Normal.
3. Os dois são gays.
Disfarçam o quanto podem, vão pra água e não resistem a um disfarçado pero no mucho beijinho. (Eca!)
4. A mulher no
micro-biquíni logo coloca uma canga e segue posando para fotos - certamente de
alguma marca praiana.
5. Doidão ou não, o
rastafari anda mais uns cinquenta metros e encontra a parceira com os
artesanatos fajutos para vender aos turistas.
Fico feliz por
conseguir combater a praga do julgamento instantâneo, tão em moda nos dias de
hoje.
E você, ágil leitor,
consegue?
Ou, pelo menos, tenta?
Tomara.
A reflexão é válida. Não se culpe nem tenha remorsos. Os julgamentos da nossa cabeça antiga estão alicerçados em outros valores e costumes.
ResponderExcluirTriste é perceber, na galerinha de hoje, os mesmos 'outros valores e costumes'.
ExcluirGostei muito da narrativa do ponto de vista de um observador.
ResponderExcluirOs ares nordestinos estão colaborando, né não?
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